Compreender a raiva

novembro 30, 2016
Às vezes, eu me pego pensando que Deus realmente nos testa para saber se aquilo que falamos condiz realmente com a realidade que vive em nosso ser. Eu sempre fui uma pessoa pacífica, odeio criar inimizades e tento ao máximo não me meter em discussões de qualquer tipo, e depois que eu comecei a praticar yoga conservar o estado de paz de espírito me pareceu ser algo ainda mais necessário.

Mas, como eu disse acima, Deus sempre nos mostra onde ainda devemos melhorar e como ainda devemos agir. Esta semana, mudaram vizinhos novos para a minha rua, com filhos adolescentes, desses que gostam de provocar as pessoas na rua, arruaçar em frente a sua residência, pixar o muro da sua casa, etc, etc e etc. Pois bem, dias desses eu vinha da aula de yoga, e uma das garotas me olhou e sem mais nem menos, começou a gritar a palavra vagabunda, num tipo de provocação gratuita. Neste momento, eu somente pensei, eu hein, povo maluco, não olhei para elas, e entrei dentro de casa sem me desgastar, afinal eu não me sinto e nem sou vagabunda, e somente contei o fato para minha mãe, e disse para ela ficar atenta, pois os novos vizinhos me pareciam gente que faz encrenca gratuita.

Então, neste último domingo, as mesmas garotas juntamente com alguns garotos na faixa dos 11 aos 17 anos ficaram na porta da minha casa gritando, chutando a porta do comércio dos meus pais quase quebrando-a, então eu e minha mãe fomos para a janela olhar o que acontecia, e eles passaram a nos provocar dando tchauzinhos e jogando beijos. Nesta hora, a minha lua em áries se mostrou e eu senti muita, muita raiva, e comecei a responder às provocações dando tchauzinhos também, e mandando beijos para os bagunceiros. Que vergonha de mim nessa hora, rsrs. Depois eles se foram, e eu fiquei com aquela sensação de que tinha feito algo errado, fiquei com mais raiva ainda de não ter me controlado e entrado na provocação. Resultado, a minha semana começou péssima, porque eu fiquei me sentindo péssima por ter sentindo raiva.


Eu acabei me descontrolando com meu pai (ele dá muito trabalho com vícios de cigarro e bebida alcoólica), e mesmo ainda estando em tratamento médico, ele não colabora, só que eu vinha numa fase muito boa, não dava mais atenção para o comportamento dele, e orientava minha mãe a fazer o mesmo, mas esta semana explodi, e a raiva me contaminou também no trabalho. Depois de orientar um funcionário por mais de quatro vezes sobre um erro importante, com calma e chamando atenção, ao ver o mesmo erro se repetir, eu fiquei nervosa outra vez, meu corpo se desestabilizou, as pernas bambas e a voz embolando. Quando eu fico nervosa, minha voz fica mais aguda e às vezes nem sai, rs.

Depois, refletindo sobre tudo o que vem acontecendo, eu acabei lendo a seguinte frase:

“Perguntaram ao Dalai Lama: “O senhor não sente raiva?” A resposta dele: “É claro que sinto raiva, mas ela dura somente cinco minutos!”

Pois é, todos nós sentimos raiva e ela faz parte da nossa existência como seres humanos. Aprendi que esse sentimento faz parte da existência e sempre estará presente, e eu irei experimentá-lo, uma vez ou outra, e está tudo bem. Com tudo isso, eu acabei aprendendo que nós não devemos fugir do que nos causa raiva e sim tentar compreender a raiva que sentimos, expressar da melhor maneira possível o nosso ponto de vista. Uma das coisas que eu aprendi é escrever sobre algum sentimento ruim, e hoje faço isso aqui no blog ou em um caderno que guardo em casa. Compreender a raiva consiste em aceitá-la e entender o que devemos fazer com ela. Compreender a raiva é não deixar que ela nos domine, a sensação que ela causa deve durar poucos minutos e ir desaparecendo. Mas, você só conseguirá fazer isso se estiver totalmente consciente de quem você é. Então, escreva sobre o momento, sobre as pessoas, sobre os sentimentos que causaram a explosão de raiva.
Existe um ditado que diz: “Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece”. A vida é isso, quando parece que você está se controlando, seguindo um caminho de iluminação e autoconhecimento, algo acontece para te mostrar que você é humano, e que falhas fazem parte da vida. O que você faz com esse acontecimento, é que determinará o seu grau de evolução perante a vida.



Sempre que você sentir raiva ou ficar nervoso por causa de alguma coisa ou alguém, procure alguém de confiança para conversar, ou simplesmente escreva, leia, releia, comece a digerir a raiva, compreendê-la e depois quando o peso se tornar mais leve, rasgue a folha e jogue o papel fora. Se livre daquilo que aperta a sua garganta. Sentir raiva faz parte, Jesus sentiu raiva quando viu o templo lotado de comerciantes, lembra? E Jesus é um ser iluminado, mas seu lado humano sentiu raiva, e isso não tirou toda a sua importância, porque na raiva que ele sentiu havia uma lição a ser aprendida, de que nem sempre dá para ser tranquilo o tempo inteiro, as bases se desestabilizam uma vez ou outra, mesmo quando você segue um caminho de autoconhecimento. Então, da próxima vez que sentirmos raiva, não vamos negligenciá-la e sim tentar entender o momento e aprender com ele.

2 comentários:

  1. Preciso lhe contar minha experiência em relação a raiva.

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  2. É claro Vanessa. Vamos agendar um dia pra gente conversar. Um beijo!

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