E se não tiver ninguém?
Quantas vezes você deixou de fazer alguma coisa que
queria muito porque pensou: “ E se não tiver ninguém para ir comigo?”
Eu já, inúmeras vezes, e infelizmente ainda faço isso
em algumas situações. Esse comportamento me fez refletir sobre todas as coisas
que perdemos por esse medo de estarmos sozinhos em determinada situação, que
pode ser uma coisa super básica, como uma ida ao cinema ou algo maior, como uma
viagem internacional para um país onde nunca estivemos.
Talvez esse medo de estarmos sozinhos reflita
diversos sentimentos que muitas vezes nem temos consciência da existência de
cada um deles. Pode ser medo de se sentir rejeitado, algo como, olha lá
sozinho, coitado, o rejeitado. Medo do olhar do outro, muitas vezes deixamos de
fazer coisas que gostamos porque estamos preocupados com o que o outro irá pensar
a nosso respeito, e olha às vezes o povo não está pensando nada, vai por mim. E
ainda há outros medos, como solidão, inadequação, insegurança, que podem ter
várias causas, e cabe a você se conhecer melhor para entender essas causas e
poder trabalhar cada uma delas.
Algumas vezes, esse “e se não tiver ninguém” vai se
expandindo para diversas áreas da vida, deixamos de fazer uma caminhada no parque
porque não há ninguém para acompanhar, deixamos de ir comer naquele restaurante
que amamos porque não há ninguém para sentar-se à mesa conosco, deixamos de
participar daquele workshop de final de semana sobre aquele assunto que amamos,
seja culinária, fotografia, esportes radicais, informática, música, porque
imagina irmos sozinhos. A vida vai passando e vamos deixando sonhos
engavetados, vontades não realizadas porque sozinhos não somos e nem estamos,
porque sozinhos parecemos não pertencer ao mundo.
Caso, você esteja passando por situação semelhante,
e isso te deixa infeliz, talvez seja hora de olhar mais pausadamente para essa
situação e tentar entender qual é o motivo que faz com que você não queira
realizar seus sonhos e vontades porque não pode fazer as coisas sozinho. Nem
sempre será possível termos alguém do nosso lado, seja um parceiro, um amigo ou
um familiar, às vezes, as pessoas estarão ocupadas com outros afazeres e não
poderão, ou apenas não querem nos
acompanhar em nossas atividades, sonhos, e está tudo bem, desde que não
paralisemos nossa vida por causa disso. Por isso, é importante reconhecer que
você é um ser único e merece ser feliz, sozinho ou acompanhado. Portanto,
reflita sobre seus sonhos e desejos, analise quais não saem do papel devido ao “e
se não tiver ninguém”. Se for necessário, procure ajuda terapêutica para lidar
com o processo de uma forma mais serena e tranquila.
Que tal hoje você listar algo que queira fazer, mas
fica adiando porque não tem companhia. Pense em coisas simples, neste primeiro
momento, e tente vivenciá-las. Vou contar pra você uma coisa muito boba que eu
odiava fazer sozinha, que era ir comer sozinha em um local, quantas vezes
deixei de entrar na minha loja de bolos preferida, porque não queria sentar na
mesinha sozinha, parece fácil isso certo, mas para mim era um tormento. Desde
que comecei a me conhecer melhor, entender os motivos que me faziam ter esse
comportamento, fazer essas coisas tornou-se super tranquilo. Atualmente, não
vejo problema algum em fazer isso estando sozinha. Por isso, os pequenos passos
são importantes para esse destravamento inicial, hoje você vai ao cinema
sozinho, ou vai comer um bolo sozinho, amanhã estará visitando a Índia, Nova
York, Curaçao ou Israel, ou algum lugar bacana aqui no Brasil, quem sabe.
Lembre-se, e se não tiver ninguém, ainda há você, e
você é uma pessoa e tanto.
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