Quem é você?
Há alguns atrás, na verdade há
muitos anos atrás, eu comecei a procurar um emprego assim que terminei o Ensino
Médio. Eu fiz um currículo e decidi ir em algumas agências de emprego para entregá-lo
e quem sabe encontrar uma oportunidade de trabalho. Depois de bater perna, eu
entrei em uma agência e a atendente disse que tinha uma vaga para recepcionista
e não exigia experiência, eu fiquei super empolgada com a possibilidade de
começar a trabalhar. A moça pediu para que eu esperasse em uma sala, logo
depois voltou com papel e caneta, e pediu para eu escrever uma redação com o
título “Quem sou eu”.
Naquele momento, eu fiquei um
pouco paralisada, nunca tinha feito uma entrevista de emprego, e eu não sabia
responder quem eu era. Talvez por nunca ter enfrentado aquele tipo de situação
eu tenha me sentido mais desconfortável. Então, comecei a escrever um monte de
abobrinha sobre quem eu achava que eu era, e entreguei para ela. Ela leu na
minha frente, e disse que qualquer coisa me ligaria, eu sabia que ela não iria
ligar, a redação tinha ficado uma droga, não tinha erros de português, mas era
vaga, não havia nada concreto sobre mim mesma escrito ali, porque realmente eu
não sabia quem eu era.
Hoje, anos depois, eu estou em
outra profissão e trilhando caminhos completamente diferentes dos que eu
idealizei anos atrás, caminhos que foram idealizados quando eu não sabia quem
eu era e quando eu vivia de acordo com que os outros achavam melhor para mim. Eu
tentei inúmeros vestibulares, letras, nutrição, biologia e me formei
farmacêutica, não trabalho com medicamentos e sim com alimentos, e hoje me
conhecendo um pouco mais, acho que deveria ter cursado psicologia, mas é a
vida, e essas foram as escolhas feitas quando eu começava a tentar me conhecer.
Atualmente, quando eu me pergunto
quem eu sou, eu já sei responder com mais detalhes essa instigante pergunta,
que parece boba, mas às vezes é tão difícil de ser respondida. Eu já tentei ser
outra pessoa durante um tempo em um emprego onde eu achava que meu jeito
reservado não agradava, eu queria ser mais extrovertida, mas eu sofria, quando
diziam para eu falar mais alto. Eu tentei ser outra pessoa, quando achei que
deveria participar de festas, mesmo estando desconfortável com isso, afinal eu
não poderia ser introvertida e reservada, pois isso é defeito aos olhos dos
outros.
Só que não dá para não ser você
mesmo por muito tempo, é doloroso, é difícil. Então, com o tempo, você se olha
e se pergunta:
Quem sou eu?
Ao responder essa pergunta sem
levar em consideração, as expectativas dos pais, do parceiro, dos irmãos, dos
parentes, dos amigos, você passa a enxergar a sua verdadeira essência. Você
precisa responder quem é você fora da realidade do outro, você precisa
responder quem é você de verdade, tirando todo o preconceito que foi plantado
em você, varrendo todas as crenças limitantes que foram programadas em você sem
o seu consentimento.
Hoje, eu sei quem eu sou, e não
abro mão de quem eu me tornei. Amanhã, eu posso estar melhor de acordo com a
minha evolução, mas, hoje eu sei quem eu realmente sou, e quando eu me incomodo
com a opinião do outro sobre mim, eu me pergunto, peraí, eu sou feliz assim? Se
a resposta for sim, ótimo, eu não preciso me importar com o que o outro pensa a
meu respeito. O que para uns é defeito para outros é qualidade. Então, seja
você mesmo, dentro do que você acha importante, dentro das suas verdadeiras
crenças, dentro das suas vontades, sem a interferência do outro.
Pode ser que você mude ao longo
do tempo, eu mudei, e sei que posso mudar mais, se isso me fizer bem. O
importante é você conhecer a sua base, o que sustenta o seu edifício, e assuma
isso para você.
Analise sua vida e me diz uma
coisa, você consegue responder a pergunta:
Quem é você?
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