EMILY EM PARIS E AS PORTAS QUE FECHAMOS NA VIDA

 Por Angélica Diniz


* Contém spoilers


Eu estava assistindo a segunda temporada da série Emily em Paris da Netflix, e me deu uma certa agonia de ver a Emily se esquivando de todas as oportunidades que apareciam de ficar com o Gabriel. Obviamente, tem a questão da amizade com a Camille, mas acho que se ela realmente respeitasse essa amizade, e se o Gabriel realmente amasse a Camille e a respeitasse, os dois não teriam ficados juntos. Então, o vínculo de amizade se quebrou naquele momento. Claro, que cada pessoa tem sua opinião sobre a questão da amizade, mas não vou me ater a esta questão, e sim a como muitos de nós temos a tendência a ir atrás de algo quando perdemos. Nós nos esquivamos, dizemos não, e depois entendemos que é realmente aquilo que queremos, porém, já pode ser tarde demais.


Foto: Divulgação - Netflix


Muitas vezes somos medrosos, e tendemos a calcular a rota de acordo com o que acontece em nosso exterior e não em nosso interior, se tratando de relacionamentos ou não. Pode ser inclusive aquela oportunidade de emprego, aquele mestrado, ou aquela chance de morar em outro país, que deixamos passar, nos distraindo com outras coisas, para no fim percebermos que o que realmente queríamos estava tão óbvio, mas estávamos com tanto medo e indecisão que a nossa percepção se tornou turva demais para notar. 


Em algumas situações não precisamos ser tão racionais, precisamos arriscar mais e ver no que dá. Uma frase que me chamou a atenção na série foi a frase da Mindy, quando ela diz para a Emily que ela deve fazer aquilo que ela quer, não aquilo que os outros querem. Muito típico da maioria de nós, não é mesmo? Quantas vezes você pautou as suas decisões no que os outros queriam e não naquilo que você desejava para a sua vida naquele momento?


Me incomodou a imaturidade da Emily de não sentar com o Gabriel e conversar sobre o que tinha acontecido, e como eles lidariam com tudo dali para a frente. Todas as vezes que ele falava com ela, ela se esquivava e fugia de algum jeito. No fundo, talvez a Emily não tinha medo de perder a amizade  da Camille (que para mim já estava perdida), ela tinha medo do amor. Tinha medo de amar e ser amada. Por isso, preferia manter algo mais superficial com o Alfie (superficial para ela, e não para ele - o que também considero ruim - é o famoso tapa buraco na vida amorosa - falta de sinceridade com o outro e com o que realmente se quer). Quantas vezes, você correu de um segundo encontro com alguém por medo do que viria pela frente,  ou deu um ghosting em alguém legal, por que sei lá, não se acha tão merecedor de alguém bacana, quantas vezes você desistiu de se candidatar para aquela vaga de emprego por medo do novo, quantas vezes você desistiu de abrir seu próprio negócio com medo de fracassar? Nossos medos e nossas indecisões paralisam nossa vida, mas enquanto nos distraímos com outras coisas não percebemos que de alguma forma as coisas estão paradas, talvez energeticamente, até que um dia nos damos conta do monte de oportunidades que podemos ter perdido por medo. Só que aí, ao bater naquela porta agora, é triste, mas ela se fechou.



Foto: Divulgação - Netflix


O nosso ego é um dos maiores responsáveis pelos medos e indecisões que temos, porque o ego odeia perder o controle, e todas as vezes que arriscamos um passo no escuro, não temos controle se em nossa frente terá o chão firme ou um abismo, e aí nos mantemos no controle, nos distraindo enquanto a vida passa diante de nós, nos distraindo enquanto portas se fecham. 


O Dr. Edward Bach dizia: "Não tenhamos medo de mergulhar na vida. Estamos aqui para ganhar experiência e conhecimento, e pouco aprenderemos se não enfrentarmos a realidade e dermos o máximo de nós mesmos."


Não espere as portas se fecharem para você por medo e indecisão, siga em frente, de cabeça erguida, errando e acertando. Esse é meu recado para você, e saiba você que esse recado vale para mim também, porque já deixei portas se fecharem por medo, e ainda sinto algumas outras se fechando. Que possamos nós, eu e você, abrirmos mais portas e adentrá-las sem medo de errar ou acertar, sem medo de viver.



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