Desprenda-se

setembro 03, 2018
Tem uma coisa que eu gosto muito de fazer quando estou cansada no trabalho, é parar um pouco e ir até a janela olhar para as árvores. Em um dia de sol bem gostoso, acho que estava em torno de 24ºC, um ventinho começou a balançar as árvores e lançar longe algumas folhas que já estão se desprendendo por causa do inverno, o vento me alcançou e senti um pouco do seu sopro frio e fechei os olhos para sentir a brisa, ao abrir novamente os olhos, mais folhas foram lançadas longe no asfalto do outro lado do muro, levadas pelo vento.

Pensei no quanto a natureza é sábia. As árvores deixam suas folhas se desprenderem ao sopro do vento, elas não oferecem resistência, porque elas sabem que suas raízes ainda continuarão lá. Não que as folhas não sejam importantes, elas são, trazem beleza e sombra e são as responsáveis pela fotossíntese, mas elas, as folhas sabem que para a vida continuar para aquela árvore, de tempos em tempos elas precisam se deixar levar pelo vento para a árvore se renovar, e continuar sua trajetória no planeta.


Quantas e quantas vezes somos sacudidos pelos ventos da vida, não é mesmo. Uma notícia inesperada, um sonho desfeito, um amor perdido, uma indecisão no caminho. O vento chega e nos sacode, e nós como sempre, oferecemos resistência. Pode soprar, a minha casa você não vai derrubar, rsrs. Por que não dessa vez agir diferente? Fazer como a árvore, deixar-se sacudir, levar aquilo que está se soltando, porque confiamos que a raiz (nossa essência) sempre continuará lá, não importa o quanto o vento nos balance. Uma vez, eu li ou assisti, não me lembro exatamente, o professor Hermógenes, falando que uma vez ele estava se afogando, e aflito ele se debatia procurando por socorro, quando o salva-vidas chegou até ele, pediu que ele amolecesse, que se entregasse porque se ele continuasse se debatendo, os dois poderiam se afogar. Entendeu, onde quero chegar?

Não, estou dizendo que você deve desistir, estou dizendo que você deve aceitar, e a partir disso, encontrar os melhores caminhos para seguir a partir de então. Quanto mais você se debate, quando mais você resiste ao vento ou ao mar da vida, mais você se machuca, cada rajada de vento dói mais, cada quebra de onda dói mais.


Por isso, eu resolvi compartilhar com você essa percepção ao olhar para aquelas árvores balançando, árvores provavelmente mais velhas do que eu, que já passaram por rigorosos invernos, mas que continuaram e continuarão de pé na chegada da primavera e do verão. Que possamos ser menos resistentes, não negativamente, mas positivamente. Que possamos entender quando é a hora de aceitar o momento, mesmo que agora ele não seja o mais ideal e adequado e se desprender. Aceitar que de vez em quando perderemos algumas folhas, mas que novas folhas nascerão. Pode trocar as folhas pelos sonhos. Sonhos que são lançados para longe com o vento, mas retornam mais fortes e melhores com a primavera. Tudo na vida tem seu ciclo, tudo passa, tudo vem e tudo vai. Somente confie, assim como uma árvore ao sentir o vento, confie!




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