05 LIÇÕES QUE A ESCRITA TERAPÊUTICA ME ENSINOU
Por Angélica Diniz
Eu comecei a ter contato com a escrita terapêutica em 2014, quando iniciei o tratamento para o Transtorno de Ansiedade com uma psicóloga. Na ocasião, me lembro de ter sido sugerido que eu escrevesse toda a situação gatilho com o máximo de detalhes que eu lembrasse para que as informações pudessem ser utilizadas no processo terapêutico.
Depois desta primeira experiência com a escrita sendo aplicada de forma terapêutica, eu passei a escrever diariamente sobre os meus sentimentos, comprei um caderno e escrever se tornou um processo terapêutico e um hobby. Naturalmente, conforme o meu interesse crescia, eu passei a buscar cada vez mais informações sobre o tema, aprendi muita coisa e também comecei a desenvolver os meus próprios métodos de escrita, que grande parte divulgo gratuitamente no meu canal do Youtube. Durante todos esses anos, posso afirmar que a escrita foi minha grande professora, a prática de escrever me trouxe inúmeros benefícios que irei compartilhar hoje com você, e se você ainda não tem o hábito de escrever, talvez a minha experiência possa te inspirar a iniciar. A escrita terapêutica me ensinou:
# 1 - Deixar ir aquilo que não serve mais
Escrever me ajudou a trabalhar o apego. Quando as coisas não aconteciam da forma como eu gostaria em minha vida, em geral, eu ficava muito frustrada. Mas quando passei a escrever sobre esses acontecimentos passei a liberar essas experiências e entender que o fato de elas não terem acontecido exatamente como eu gostaria não indicava que eu era uma fracassada, mas que apenas aquela vivência naquele momento não era adequada para mim. Escrever me ensinou a desapegar sem sofrer excessivamente.
# 2 - Ressignificar
Ler sobre um acontecimento me fez diversas vezes ressignificá-lo, dar um outro sentido. Pensar em uma situação como aprendizado e como proteção. Ao invés de ficar pensando excessivamente em algo de forma negativa, eu passei a acolher o resultado e direcionar para ele um olhar mais positivo, não como forma de me anestesiar da realidade, mas de uma forma a investir no meu bem-estar emocional.
# 3 - Crescer com os desafios
Até hoje me lembro de uma situação na qual sofri bastante, onde eu me deixei ser manipulada por uma pessoa e tomei uma decisão equivocada que trouxe resultados muito negativos. Me lembro de ter chorado muito quando percebi a estupidez que eu tinha cometido em busca de aprovação. Quando eu escrevi sobre esta situação, obviamente, eu chorei mais, mas ao escrever eu fui entendendo o que eu ainda precisava trabalhar em mim naquele momento para crescer. Escrever me forneceu uma clareza para construir para mim um caminho mais saudável de autoaceitação, e eu cresci muito com o desafio daquele momento.
# 4 - Cultivar a criatividade
Escrever me deixou mais criativa com toda a certeza. As experiências que vivo me trazem uma bagagem grande, e ao escrever sobre essas experiências, ao escrever contos para ressignificar ou tirar uma lição de uma história, eu me sinto muito criativa. E essa prática me traz uma sensação de preenchimento grande. A criatividade através da escrita sem sombra de dúvidas preenche a minha vida.
# 5 - Ter mais compaixão
A folha onde escrevo reflete a dor ou a felicidade de minha alma, e nela muitas vezes eu encontro o autoperdão, a compaixão. Entendo que não sou culpada pelas coisas não terem dado certo, ou terem me causado algum desconforto. Eu entendo o que preciso trabalhar em mim, leio e me perdoo por qualquer sensação de culpa que eu possa vir a sentir em relação à algum acontecimento. A escrita me dá a oportunidade de refletir, de ter um tempo para me perdoar e liberar o que trouxe dor e ficar com o aprendizado.
"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocado. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada." Clarice Lispector
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